domingo, 12 de agosto de 2012

CALEIDOSCÓPIO

Museu de Grão Vasco

Exposição Individual
19 de Maio a 30 de Setembro de 2012
curadoria José Bragança de Miranda


In Between 
quatro pinturas instaladas nos patamares das escadas de acesso aos pisos -1, 1 e 2


Vista da pintura In between I, 2012, óleo s/tela, 193x159cm
instalada nas escadas de acesso ao piso -1





Vista da pintura In between II2012, óleo s/tela + moldura, 150x150cm 
instalada nas escadas de acesso ao piso 1




Vista da pintura In between III, 2012, óleo s/tela + molduras, 193x70cm + 193x100cm
 instalada nas escadas de acesso ao piso 1





Vista da pintura In between IV, 2012, óleo s/tela, 193X159cm
instalada nas escadas de acesso ao piso 2



«(...) Caleidoscópio, de origem grega, σκοπέω (scopeο), "observar ou ver", είδος (eidos), "imagem ou forma", e καλός (kalos), "harmoniosa, bela", torna-se um convite a olhar para algo aparentemente estático, mas que permite múltiplos discursos e abordagens. Este é, aliás, o verdadeiro objectivo da apresentação da exposição/instalação de Rui Macedo, patente nas salas de exposição permanente do Museu: o convite ao olhar, vezes sem fim, para o conjunto, para a obra e para o detalhe (físico ou simbólico), das grandes obras de arte do passado. (...)»

Excerto do texto de catálogo Caleidoscópio e o Museu de Grão Vasco de Sérgio Gorjão.



Equilibrium
Sala Figurações do sagrado e estética do Barroco


Vista da pintura Equilibrium, 2012, óleo s/tela, 142x110cm
instalada na Sala Figurações do sagrado e estética do Barroco




 Com segredo
Sala Da função à ornamentação


Vista parcial da Sala Da função à ornamentação onde está instalada Com segredo, da qual se vê Natureza-morta #15, 2011, óleo s/tela, 33x45cm, uma das três pinturas que compõem a instalação nesta sala.



Para «Além da morte» 
Sala Além da morte


Vista parcial da Sala Além da morte onde está instalado o díptico Para «além da morte» 
2010, óleo s/tela, 220x77cm + 220x77cm



Cabinet d´amateur 
Sala pintura portuguesa do séc. XIX-XX


Vista parcial da instalação Cabinet d´amateur na Sala pintura portuguesa do séc. XIX-XX 




«A instalação submerge por completo as obras pertencentes ao Museu de Grão Vasco cuja disposição na sala precedia as que, incorporadas na intervenção de Rui Macedo, recriam agora o modelo expositivo próprio de um cabinet d’amateur. O ponto de partida desta instalação poderá ser, precisamente, a apresentação de algumas referências de destaque na pintura portuguesa dos séculos XIX e XX, segundo este registo específico de organização museológica. A intervenção de Rui Macedo assenta num princípio de camuflagem e distorção do conceito original. O resultado constitui assim um desafio multifacetado, do mesmo modo que, nesta tipologia específica de apresentação de obras (o cabinet d’amateur), se misturam, tanto a função enciclopedista do Museu (que pretende reunir numa sala todas as obras de uma mesma época), como a mera afectividade e gosto pessoal do coleccionador ou, ainda, o panorama de determinado género de pintura e a sua evolução em diferentes épocas (a paisagem, a natureza-morta, o retrato, os costumes, etc.). Sendo que este tipo de disposição expositiva se desenvolve sob o que actualmente se considera um exagero desordenado de acumulação, será pois de assumir estarmos perante um dispositivo de desierarquização; assim, são também as obras do artista (num total de setenta, que agora é preciso localizar) que se institucionalizam, a par dos pintores consagrados que, contaminados pelo arrojo e profusão de transgressões aos cânones históricos, são convocados à instalação de Rui Macedo. Mas são várias e dissonantes as indicações sobre o artista (que, como o núcleo inicial do Museu, poderá não ter um só autor), tal a diversidade de gramáticas heteronomistas e abordagens técnicas agora introduzidas, as quais, todavia, respeitam as grandes linhas temáticas, seguidoras de um repositório de géneros históricos da Pintura secularmente definido e prosseguido. A sensação da transgressão dos padrões da Pintura (pinturas que rompem a tela, incluindo a sua moldura, molduras invertidas ou semi-cortadas, bem como a disposição irregular de outras obras que se parecem afundar no pavimento), constitui apenas um dos artifícios (caleidoscópicos, diríamos) que Rui Macedo (juntamente com um improvável e intempestivo grupo de enérgicos pintores) deixou na sua passagem.»

Excerto do texto de catálogo Caleidoscópio, Rui Macedo no Museu de Grão Vasco de Miguel Caissotti.





Vista parcial da instalação Cabinet d´amateur na Sala pintura portuguesa do séc. XIX-XX




Vista parcial da instalação Cabinet d´amateur na Sala pintura portuguesa do séc. XIX-XX




Vista parcial da instalação Cabinet d´amateur na Sala pintura portuguesa do séc. XIX-XX




Vista parcial da instalação Cabinet d´amateur na Sala pintura portuguesa do séc. XIX-XX




 A partir do Retábulo de Grão Vasco para a Sé de Viseu
Sala do Retábulo


Vista parcial da instalação A partir do Retábulo de Grão Vasco para a Sé de Viseu
 Sala do Retábulo




Vistada instalação A partir do Retábulo de Grão Vasco para a Sé de Viseu
 Sala do Retábulo





Vista parcial da instalação A partir do Retábulo de Grão Vasco para a Sé de Viseu
 Sala do Retábulo




 João e Beatriz - Retratos de dois desconhecidos
Sala Contemporâneos de Grão Vasco


Vista parcial da Sala Contemporâneos de Grão Vasco com a instalação João e Beatriz - Retratos de dois desconhecidos





Beatriz, 2012, óleo s/tela, 140x175cm



 Variação de «A árvore da vida»
Sala Grão Vasco 


Vista parcial de Variação de «A arvore da vida»
 2010-2012, óleo s/tela, 315x250cm, instalada na Sala Grão Vasco 



LA TOTALIDAD IMPOSIBLE

IVAM - Instituto Valenciano de Arte Moderna

Exposição Individual

14 de Julho a 11 de Setembro de 2011
curadoria Salvato Teles de Menezes


« (...) contemplar los cuadros de Rui Macedo como una exposición o instalación metapictórica, que revisita los géneros tradicionales de la pintura ya veremos con que intenciones. Constituye además un despliegue de recursos –estrategias es el término al uso– típicamente postmodernos: convierte al museo en su musa, retoma la figuración, muestra la inestabilidad de los significados de la imagen, tergiversa o usurpa los códigos de representación, practica el eclecticismo de los estilos, la intertextualidad, la cita, el pastiche… y como colofón, se da por título La totalidad imposible, es decir, renuncia explícitamente a cualquier absoluto.

Macedo recrea (ya no hace falta decir que irónicamente) esos gabinetes de aficionado, cabinets d’amateur, que proliferaron en la pintura de la primera mitad del siglo XVII. Tenemos muchos ejemplos, desde los de quienes pasan por ser sus creadores: Rubens, Brueghel y Hyeronimus Francken a los más famosos de David Téniers. Eran cuadros que reflejaban la colección de un personaje ilustre, a modo de catálogo y resumen de la misma. Encargados como representación de la riqueza de sus dueños y epítome de su refinamiento, hoy podemos entenderlos también como un rasgo de autoconciencia del sistema que encarna toda colección. Cuadro de cuadros, subraya la diferencia entre colección y acumulación, siendo la primera un juego de series en la que cada uno de sus elementos remite al conjunto total. 
En su pormenoriza análisis visual de la pintura clásica, Macedo se detiene –y nos obliga a detenernos- en uno de sus elementos constitutivos por excelencia, tan obvio que acaso lo pasamos por alto, identificado como está con la misma pintura. Me refiero a su materialidad como cuadro. Una palabra que en castellano “inmediatamente lleva consigo el sentido de cuadrado y el de marco. Es decir, el de la línea que aísla el fragmento pintado, dándole un perímetro regular y rectilíneo”. Cuadrilátero que actúa como una de las claves de la composición (el “encuadre”), y cuya eficacia visual es tal que dota de dignidad y convierte en interesante cualquier cosa que coloquemos en su interior. Si leemos a los tratadistas del siglo XVII comprobaremos la importancia que le atribuían. Féliben dice que un buen marco es “il ruffiano del cuadro”. (...) toda obra de arte ocupa un lugar en un tejido constituido por todas las obras anteriores, sin cuya relación nada significa. Si el arte actual siempre está en deuda con la historia, admitamos también que toda nueva creación modifica aunque sea sutilmente esa trama, también hacia atrás. Creo que fue Borges, que lo dijo todo, quien dijo que toda obra contemporánea crea sus propios precedentes. Por eso Rui Macedo hace moderno el pasado.»
Excerto do texto de catálogo Una idea a simple vista de José Maria Parreño


Vistas da instalação








Cena de interior #17 ou A totalidade impossível
2011, óleo s/tela, 200x400cm










Paisagem #25 ou A fissura, o limite e o fragmento
2011, óleo s/tela, 175x140cm














 Paisagem #13 ou O apagamento
2011, óleo s/tela, 120x150cm
















Paisagem #27 ou O acesso
2011, óleo s/tela, 80x120cm

















Paisagem #15 ou Hortus conclusus
2011, óleo s/tela, 97,5x195cm









Por ocasião desta exposição foi editado um catálogo com textos inéditos de Consuelo Císcar Casabán, Salvato Teles de Menezes e José Maria Parreño.




NIMIUM NE CREDERE COLORI 
 Museu de Évora

Exposição Individual
23 de outubro de 2010  a 19 de Fevereiro de 2011



«Non novo, sed nove» é a expressão latina que significa «não coisas novas, mas de nova maneira», ou seja, a ideias já dadas e conhecidas pode dar-se uma nova forma.
 A exposição que Rui Macedo instala no seio da colecção permanente de pintura do Museu de Évora, intitulada «Nimium ne credere colori», toma a expressão «Non novo, sed nove» como um paradigma. Nas 27 pinturas instaladas em sete salas do museu, participam regimes intertextuais específicos, a saber: a citação, a apropriação e a alusão que, usados como estratégias de camuflagem, se aliam a conceitos como o mise-en-abîme e o mise-en-scéne para estruturar todo o modus operandi. Também a especificidade da montagem museológica e a informação de carácter técnico indispensável ao museu são utilizadas para a abertura de um campo dialógico entre as obras da colecção de pintura e as de Rui Macedo. Dentro da história da Pintura, o artista exalta o elo entre passado e o presente. É de sublinhar que todo este trabalho criativo tem a sua fonte num exercício metafórico ininterrupto onde o «novo» é claramente de ordem mitológica pois o que se apresenta e o que se representa é sempre «uma nova forma» do já dado.(Margarida P. Prieto, in Catálogo da exposição)





Vista de Memento mori, 2010, óleo s/tela, 58x77cm





Vista de Vista da sala com a pintura Nossa Senhora da Graça, Santa Julita e S. Guerito,
2010, óleo s/tela, 189X159cm, instalada na sala 1





Vista da instalação na sala 1




Vista de A partir de S. João em Patmos de Poussin #2, 2010, óleo s/tela, 170X107cm,
 instalada na sala 2




Vista de A partir de S. João em Patmos de Poussin #2 Memento mori
 instalados nas salas 2 e 1, respectivamente.





Vista da instalação na sala 3




Vista da instalação na sala 3




A Árvore da Vida 2010, óleo s/tela, 233X157cm + 173,5X157cm (díptico vertical)





Vista de A Árvore da Vida instalada na sala 3



«(...) uma moldura
uma permanência descritiva;
uma envolvência delimitadora;
um falso existente;
um traço que engana com as volumetrias do pintor;
uma dolência de querer fazer não perguntada;
um contraste entre a geometria das linhas e o criativo do volumétrico;
uma cor espessa que se deixa olhar;»

Excerto do texto de catálogo Quatro perspectivas, uma moldura, muitas palavras de António Camões Gouveia






Vista de Nascimento, 2010, óleo s/tela, 197X132cm + Calvário, 2010, óleo s/tela, 197X132cm, instalados na sala 4
 


Vista de Nascimento, 2010, óleo s/tela, 197X132cm + Calvário, 2010, óleo s/tela, 197X132cm, instalados na sala 4




Vista de Da série: Os Géneros da Pintura – Paisagem, 2007, óleo s/tela, 390X195cm, 
instalada na sala 5



«A instalação «Em homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológico» de Rui Macedo coloca o espectador perante nove pinturas alinhadas que se oferecem ao olhar enquanto «vistas parciais» de supostas paisagens, referenciadas na história da pintura. Esta instalação pictórica é uma experiência, no sentido filosófico do termo referido por Lacoue-Labarthe[1], ou seja, a experiência enquanto travessia perigosa, reencontro dentro da soma não mensurável dos acidentes do acaso, interesse recíproco, troca que faz qualquer coisa, que abre para um risco imenso. Há nela um atravessar a fronteira das convenções em direcção ao campo do ensaio, para abordar, tanto a instalação pictórica como a própria pintura, fora do campo do esperado, ampliando e alimentado, assim, a expectativa.
As pinturas são vistas parciais de outras pinturas. «Vista parcial» trata-se de um termo técnico de cariz arquitectónico que refere um corte, uma selecção, o enfoque de uma parte em detrimento de outras. Embora cada uma das pinturas, bem como o conjunto das nove, surja numa aparente incompletude pela referência ao corte (evocativo de uma falta) a instalação está formalmente completa. Esta incompletude é intencional e produz um desafio: pela imaginação a moldura recupera o que nunca perdeu: a sua integridade e o seu sentido primeiro de criar uma selecção e abrir o seu próprio espaço (sagrado). As imagens completam-se enquanto paisagens justamente porque na falta «do resto» podem tornar-se infinitamente profundas, incomensuravelmente amplas e, neste sentido, extrapolam espaço expositivo, ampliando-o: o chão de madeira do museu torna-se plataforma elevatória imaginária e, na promessa de uma continuação da instalação no piso imediatamente inferior, o observador/ visitante fica novamente na expectativa de mais. Mais pintura. Mais Museu.» (Margarida P. Prieto, in Catálogo da exposição)


[1] Lacoue-Labarthe, Philippe, Ecrits sur l’art, Les presses du réel, Collection mamco, Genève, 2009, p.III.







Homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológico, 2010, óleo s/tela, 51X146cm





Vista de Homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológicoinstalada na sala 6




Vista de Homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológicoinstalada na sala 6




Vista de Homenagem a Ilya e Emília Kabakov ou para uma ampliação da experiência no e do espaço museológicoinstalada na sala 6




Vista de Sob Cogito Mori de David Teniers II (o novo)
2010, óleo s/tela, 55,5X64cm, instalada na sala 7



«O pintor que joga (...) terá de ser também o título desta exposição/instalação no Museu de Évora, em que o autor teve à sua disposição, pela primeira vez, uma colecção de pintura que se estende por três séculos e que lhe permite uma série de revisitações da História. Da História da Pintura, no seu tempo áureo do «quadro-janela», tal como ficaria definido por Alberti, e dos modos de pintar dos distintos tempos e estilos cronologicamente atravessados desde então e quase até hoje. (...)»

Excerto do texto de catálogo Rui Macedo, Pictor Ludens... de Fernando António Baptista Pereira